terça-feira, 6 de novembro de 2012


INTERAÇÃO FAMILIA ESCOLA NO
CONTEXTO DISCIPLINAR


Acadêmico: Valter Moreira Durães
Professor-Tutor Externo: Ivo Guindani
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Licenciatura em história (HID 0253) – Prática do Módulo I
06/11/2012



RESUMO


Quando falamos sobre educação em nosso país, observamos as estruturas educacionais em completo abandono, a pouca preocupação com o professor bem como a desestrutura presente em muitos lares. O presente trabalho visa apresentar caminhos para uma educação mais adequada à presente realidade, colocando como personagens centrais a família como educadora informal e a escola como educadora formal. Primeiro procuraremos definir o ato de educar como um processo indispensável ao homem. Em seguida, abordaremos o papel da família, afirmando que a mesma deve também se preocupar com métodos e mecanismos de aperfeiçoamento do indivíduo. Por fim, nossa meta será apresentar o papel da escola, focando em sua estrutura bem como dando destaque para o professor, apresentando a necessidade do mesmo em corroborar para uma análise mais profunda do aluno e sua família para então otimizar o processo educacional. Uma sólida integração família e escola é um caminho para uma melhor educação.

Palavras-chave: Processo Educacional. Participação da Família. Papel do Professor.



1 INTRODUÇÃO



            Vivemos em um país onde a educação é vista como o principal desafio para a consolidação do desenvolvimento econômico. Já somos considerados a sexta maior economia do mundo. Mas na educação ainda temos desafios gritantes. Como é triste constatar que grande parte dos brasileiros tem dificuldades em escrever um texto, ler e compreender um livro, realizar cálculos aritméticos, entre outras.

            Os problemas educacionais são oriundos de anos e anos de descaso com as instituições de ensino. Os valores remetidos para sua devida manutenção são irrisórios. As estruturas físicas sucateadas não têm as menores condições de proporcionar aos alunos um ambiente favorável ao aprendizado. Se isso não bastasse, os materiais destinados ao apoio do aluno não correspondem em conteúdo naquilo que o mesmo necessita para a sua formação intelectual. Livros ultrapassados, inexistência de laboratórios, carência de livros essenciais nas bibliotecas, um completo comprometimento do futuro educacional. Mas os fatores agravantes também atingem o heróico professor. O investimento dado à sua formação é frustrante, categorizada como vítima do sistema que não contempla suas reais necessidades como profissional e como cidadão merecedor de melhores honorários. Não é sem motivo a desilusão de uma parte dessa classe tão fundamental para a construção de uma nação saudável.


O outro lado da moeda é tão real quanto esse. As famílias têm experimentado mudanças significativas nas últimas décadas. Não precisamos ir muito longe para perceber que certos dogmas e tabus estão caindo, que temas como sexualidade e relacionamentos interpessoais é pauta das grandes discussões dos dias atuais. As estruturas familiares não são mais as mesmas de anos atrás: mulheres são chefes no lar, no trabalho e na política; homens estão assumindo papéis anteriormente vividos apenas por elas; o divórcio é tido como uma prática absolutamente moderna e a configuração pai, mãe e filhos é substituída por outros personagens. Leva-se em conta o crescimento da informação, dos canais de diálogo, da liberdade de expressão e de pensamento, com o surgimento de uma juventude questionadora e ansiosa por descobrir, redescobrir e redefinir o mundo no qual vivem; as novas tecnologias vão assumindo mais e mais papel prioritário nas relações interpessoais, ao ponto de haver mais encontros virtuais do que reais; o surgimento de uma nova classe média convivendo com a pobreza dos guetos das grandes e médias cidades.


Os resultados dessa gama de fatores podem ser visto na sociedade. Um analfabetismo funcional cada vez maior mesmo em face da maior preocupação com as melhorias do ensino público.  Alunos com sérios problemas de aprendizagem, ao mesmo tempo em que as portas de nossas escolas estão abertas para a violência e as drogas. Pais inseguros que não tem participação satisfatória na educação de seus filhos. A falta de mão-de-obra especializada, fruto de anos de descaso com a educação básica.

Mas o que fazer diante desse quadro? Será que ainda há tempo para salvarmos nossa geração das conseqüências das mudanças sociais? Qual será o caminho para proporcionarmos uma escola de qualidade à nossa comunidade, mesmo em face da precariedade de nossas estruturas? Qual o papel que devem assumir o professor, o aluno e a família em um processo educacional realmente relevante?
As respostas a esses questionamentos emergirão de uma interação cada vez mais ampla entre família e escola no que se refere ao contexto disciplinar. Nosso intuito é que ao final dessa discussão possamos visualizar um começo no diálogo favorável às mudanças no processo de ensino na sociedade.

           
2  INTERAÇÃO FAMÍLIA ESCOLA NO CONTEXTO DISCIPLINAR



Pais e professores têm a preocupação em capacitar o cidadão para o mundo no qual ele vive. As expectativas, tanto de um quanto do outro podem parecer iguais, mas às vezes notamos discrepâncias entre seus pontos de vista. Isso se deve ao fato de que a família notadamente tem como base a educação informal, aquela que se adquire no convívio familiar e social. Do outro lado, a escola fundamenta-se na educação formal, com seus conteúdos definidos pelos campos de conhecimento e grade curricular. Conforme Daunis (2000, p. 176), pais e professores precisam entrar em acordo com os alunos quando o assunto é educação, buscando “[...] estabelecer e praticar mutuamente sistema de regras, valores e metas.”

Mas por onde podemos começar um diálogo maduro e fomentador de respostas para a problemática da interação família e escola? Vamos tratar separadamente cada aspecto do processo de aprendizagem.

2.1  DEFINIÇÃO DE ENSINO
           

Nosso diálogo começa pelo ensino, pois não podemos definir nenhum papel nessa interatividade família e escola sem ela. Muitos pais têm problemas em conduzir seus filhos pelo caminho do saber bem como educadores em desenvolver planos consistentes de aprendizagem. É por isso que a busca pela conceituação de ensino é papel do educador e também da família.

 “Aprender é um processo inerente ao homem, que tem necessidade de aprender, da mesma maneira que tem necessidade de se alimentar.” (Gadotti, 1991, p. 37). Em sua concepção, o ensino não ocorre apenas dentro da sala de aula, mas é um processo natural da vida. Nascemos com a capacidade de apreender e produzir conhecimento, de analisar, julgar o mundo ao nosso redor. O aprender é um processo enriquecedor, ato que produz a cada dia um novo mundo dentro e fora de nós. A partir do que experimentamos no ato de aprender, damos passos significativos em direção da maturidade.

Vale ressaltar que o ensino é fundamental para a manutenção da sociedade:
Assim, a educação, como processo social, consiste na contínua transmissão dos valores do patrimônio cultural da geração adulta para a nova geração; como processo individual compreende a progressiva assimilação, por parte de cada indivíduo, dos valores, conhecimentos ideais e técnicas existentes no patrimônio cultural da humanidade, bem como o domínio dos processos que conduzem à criação de novos valores culturais e sociais. (SANTOS, 2004, p. 12).

Mais uma vez percebemos a amplitude do ato de ensinar, encarado como processo social e não apenas voltado à formação intelectual de indivíduos. Mesmo quando fala no aspecto individual, Silva é claro ao referir-se à educação como ferramenta para a construção não apenas de conhecimento, mas de valores sociais. Portanto, aqui não podemos apenas visualizar a figura do educador, mas também dos pais. Subtende-se que o autor coloca a responsabilidade do ensino tanto no professor quanto nos pais.

Se educação é um ato de assimilação e produção cultural e social, a escola e a família têm papel preponderante no produto final desse processo. Isso se deve ao fato de que o ambiente e as relações entre indivíduos irão incentivar a produção de valores benéficos à sociedade ou catastróficos, dependendo do estímulo recebido. Escolas que não proporcionam o ambiente favorável para o enriquecimento do saber poderão produzir muito pouco avanço na comunidade na qual a mesma está inserida. Da mesma forma, famílias desestruturadas comprometem o processo educativo por não ser o campo propício para a aplicação do saber adquirido.

É por esse motivo que escola e família precisam se unir diante de um mesmo objetivo: fortalecer o processo de ensino. Para isso, ambas precisam estar conscientes do significado do ensino e sua importância para a sustentação e progresso da comunidade em que ambas subsistem. Sobre essa afirmação, Santos fala apropriadamente: “[...] não basta um conjunto de indivíduos para que se obtenha a vida social. É necessário que esses indivíduos se interajam, se relacionem, convivam, tenham interesses comuns, vivam de acordo com normas comuns.” (Santos, 2004, p.127).

2.2  O PAPEL DA FAMÍLIA

Podemos pensar que a tarefa educacional, no que tange a responsabilidade dos pais, é mais simples ou desprovida de técnicas como a escolar. Porém, devemos salientar que o quadro da situação presente é bem mais complexo do que imaginamos.

“As tarefas educacionais, no lar e na escola, tornaram-se muito mais complexas. As maiores dificuldades provêm, como já foi dito anteriormente, das inúmeras contradições e inseguranças decorrentes das mudanças na sociedade pós-moderna.” (Daunis, 2000, p. 183). As alterações sofridas pela sociedade nas últimas décadas, após o fim da 2ª Guerra, fez vir abaixo muitos valores familiares até então inquestionáveis, dando lugar a novos valores que até hoje causam grande discussão na sociedade. A sociedade essencialmente patriarcal, de valores rígidos, é substituída por outra pautada na liberdade dos seus indivíduos, adotando cada um, à sua maneira, a formatação social que bem entende. Isso tem gerado medo e insegurança por parte dos pais, aumentando ainda mais a pressão sobre seu papel de formador de indivíduos.

Mas do que os pais devem conscientizar-se quando o assunto é educação? Smith e Strick (2001, p. 191) orientam os pais a procurarem desenvolver em seus filhos a “competência social”:
Embora os pais compreensivelmente se preocupem muito com o desempenho escolar, as pesquisas mostram que “aprender com os livros”, em geral, tem menos a ver com as conquistas na vida do que atributos pessoais como otimismo, ambição, adaptabilidade, disposição para trabalhar duro e persistência diante das dificuldades. Essas qualidades fazem a diferença entre pessoas medianas e notáveis e, com freqüência, caracterizam indivíduos excepcionalmente flexíveis, que superam suas deficiências e circunstâncias opressivas repetidas vezes.

A competência social é desenvolvida no seio familiar, no convívio com a sociedade. Os pais têm papel preponderante nessa formação. É tarefa dos pais preocuparem-se com práticas que formarão um indivíduo capaz de superar seus próprios limites diante de tantas exigências em um mundo pós-moderno. Nesse ponto é interessante trazer à tona o que Smith pensa acerca do papel dos pais: “Os pais, portanto, são os professores mais importantes de uma criança.” (Smith; Strick, 2001, p. 214).

Qual deve ser a atitude dos pais frente a esse papel formativo? Será que a mesma, por ser informal, não pode adotar parâmetros claros?
Não é muito difícil perceber que na sociedade plural de hoje, carente de linhas comuns de orientação e educação, a prática da antieducação resulta da insegurança e desorientação das crianças e dos adolescentes. Além disso, crianças e jovens que não são influenciados pelos próprios pais será sempre influenciados por outros adultos. (DAUNIS, 2000, p. 184).

Fica claro nesse posicionamento que a família precisa estabelecer parâmetros claros na educação informal que consiga contemplar o desenvolvimento do indivíduo como aluno. As famílias não podem supor que a adoção de métodos significa a perda da naturalidade nas relações. A família precisa discutir criteriosamente como vai lidar com a educação de seus filhos, quanto tempo irá gastar com eles, como será o diálogo, os lugares freqüentados, os limites nas relações interpessoais, os valores ensinados, etc. Também será papel dos pais levar em conta a influência dos parentes, a interatividade com os irmãos, criar mecanismos de motivação e recompensa, e proporcionar um ambiente agradável para seu filho. Como podemos perceber, não será tarefa das mais fáceis, mas é algo que determinará o sucesso na formação do indivíduo.

Aqui vale algumas práticas que os pais podem adotar no processo de ensino informal de seus filhos. Os pais são conclamados a acreditarem em seus filhos e a maneira como os pais veem seus filhos determinam a capacidade deles diante da educação. “Aquelas que se vêem como essencialmente capazes e responsáveis em geral tem pais que também as vêem assim.” (Smith; Strick, 2001, p. 215). Pais podem ser tanto incentivadores como também desmotivadores de seus filhos. Para auxiliar nessa missão, os pais podem adotar um vocabulário mais positivo, trocando palavras agressivas por outras mais brandas sem, contudo, perder o sentido do que quer comunicar. Ressaltar seus pontos fortes ajuda a criança a focar em suas qualidades e a aprofundar o gostar de si mesma. Auxiliar o filho nas tarefas escolares bem como planejar seu futuro acadêmico inspira o filho a dedicar-se mais ao ato de estudar.

As respostas provenientes dessa discussão deverão necessariamente converter-se em práticas no dia a dia da família. A avaliação deverá ser constante, pois estamos lidando com indivíduos, não com objetos. As variáveis e seus resultados podem ser diferentes do esperado, mas os pais precisarão de total empenho nessa tarefa. Como resultado, na escola essa pessoa terá competência emocional suficiente para encarar seu papel de aluno, preocupando em assimilar conhecimento e ser capaz de moldar o mundo ao seu redor por meio de sua capacidade adquirida em sala de aula.


2.3  O PAPEL DA ESCOLA
                                                                                                                                                        
                                  
A expectativa que temos acerca da formação escolar de nossos filhos depende também do engajamento da instituição de ensino. Escolas bem preparadas para cumprir sua tarefa são um celeiro de homens e mulheres altamente capacitados para os desafios do mundo pós-moderno. Mas sabemos que a realidade brasileira não condiz, em muitas de suas instituições, com esse perfil. Sobre as perspectivas de uma instituição de ensino:
As experiências na escola podem proporcionar enormes chances e perspectivas. Mas elas também podem bloquear o desenvolvimento psíquico, o intelectual e o social. Essa é a tragédia dos que não encontram possibilidades de identificar-se com o cotidiano escolar e aproveitá-lo. Também a elaboração da identidade pessoal e a formação da personalidade dependem de a experiência dos anos de escola ser bem sucedida ou não. (DAUNIS, 2000, p. 209).

            O núcleo escolar pode trabalhar em prol do desenvolvimento do indivíduo ou distanciá-lo do ideal proposto pelas definições do que seja educação propriamente dita. Mesmo que o aluno esteja motivado e queira ser um cidadão capacitado, se a escola não tiver condições de muni-lo de ferramentas adequadas ele terá sérias dificuldades em se firmar no mercado de trabalho, o que desencadeará uma série de outros problemas sociais, como por exemplo, perda da dignidade, baixo poder aquisitivo, desemprego, etc.
           
            Se a escola pretende exercer seu papel com maestria, proporcionando aos seus alunos condições de desenvolvimento social adequado, qual caminho ela deve adotar? Daunis (2000, p. 209) levanta a seguinte tese: “[...] só um decidido empenho da escola em educar pessoas (=educação humanista e personalizada) pode cumprir adequadamente a tarefa educacional de capacitar as/os jovens para a vida pessoal, social e profissional na era pós-moderna.”

Relacionado a isso, a escola pode buscar uma maior qualidade se os educadores estiverem conscientes de seu papel na história de formação de seus alunos. Ela precisa sair da visão de apenas produtora de conhecimento para uma visão de instituição produtora de mudanças sociais. O mundo anseia por mudanças, e a escola deve se apropriar de seu papel transformador.

Uma busca por qualidade começa quando o grupo escolar preocupa-se em ser relevante para a sociedade a qual a mesma está servindo. A interação família e escola darão a clara noção de alvos e objetivos que a escola precisará alcançar.

Obviamente, pela natureza da missão da escola, as racionalidades interna e externa são necessariamente interdependentes. Em outras palavras, se internamente não houver organização, será muito difícil chegar aos objetivos esperados. Por outro lado, se a escola atingir os objetivos a que se propôs, mas estes não forem reconhecidos pela comunidade como relevantes, não terá logrado a racionalidade externa. (VEIGA , 2007, p. 101).

Sendo a escola esse instrumento de transformação no núcleo da comunidade em que a mesma está inserida, ela precisa tomar certas medidas que a nortearão corretamente nesses passos fundamentais. Fica claro aqui que é fundamental um olhar profundo para as famílias que vivem ao seu redor, observar suas necessidades, seus anseios, seus dilemas e desafios, das mais diversas ordens, sejam eles econômicos, políticos, sociais, recreativos, morais, entre outros.

Procurando uma prática mais acurada, a escola deve se embrenhar nas mais apropriadas tarefas rumo à qualidade esperada pelas famílias. Aqui vale ressaltar a respeito da busca dessa prática:

Evidentemente, a criança chega na escola levando consigo aspectos constitucionais e vivências familiares, porém o ambiente escolar será também uma peça fundamental em seu desenvolvimento.  Esses três elementos – aspectos constitucionais, vínculo familiar e ambiente escolar – constituirão o tripé do processo educacional. (BALTAZAR; MORETTI; BALTHAZAR, 2006, p. 47).

Com base na citação descrita acima, a família e a escola poderão caminhar juntas. Poderá a escola focalizar atividades em grupo de alunos que identifique quem são e como se comportam. Depois de uma acurada análise dos seus alunos, o professor estabelecerá as medidas educacionais que mais poderão corroborar com as necessidades de seus alunos. “[...] é importante que os objetivos propostos pela escola e pelo educador, coincidam com os objetivos do aluno. Caso contrário, o aluno não se preocupará em atingi-los, uma vez que não irão satisfazer suas necessidades”. (Santos, 2004, p. 111).

O professor deve tornar-se um braço, uma extensão da família, à medida que ele usa seus vínculos sociais com os alunos para promover sua formação não apenas cognitiva, mas também social e psíquica.  Pode-se dizer aqui que a Psicologia Educacional é ferramenta indispensável para o educador eficaz:

O professor deve se comprometer com seus alunos, tendo uma compreensão acerca das matérias que ensina e do pensamento de seus alunos, para realizar uma prática de ensino eficiente. Os professores devem também fazer uso apropriado das novas tecnologias e técnicas, não apenas para entreter os alunos. (SANTOS, 2004, p. 117).

            E ainda:

Durante o tempo em que o educador navega pelo material acadêmico, deve, ao mesmo tempo, cuidar das necessidades emocionais de seus alunos, levantando a auto-estima baixa e incentivando a responsabilidade. Essa forma de ensino responsável só é possível por meio da Psicologia Educacional. (SANTOS, 2004, p. 117).

            Como um professor cuidará eficazmente da saúde emocional de seus alunos? Fica claro que a escola que procura dar abertura para a participação dos pais tem em mãos a chance de sempre rever suas práticas de ensino e proporcionar aos alunos respostas educacionais satisfatórias diante das necessidades do mundo moderno. Professores munidos de um bom amparo da Psicologia Educacional têm o compromisso de buscar amplo diálogo com a família e aperfeiçoar o processo de aprendizagem.


 3  CONSIDERAÇÕES FINAIS


Nosso presente estudo procurou dialogar sobre a importância da interação entre a família e a escola no processo de formação do indivíduo. As expectativas de ambos os lados podem ser diferentes quando o assunto é educação, mas um diálogo entre as partes é indispensável para chegar-se a um consenso.

Também oferecemos uma prática definição da arte do ensino, mostrando que a mesma não se resume aos anos escolares vividos, mas permeia todas as fazes da vida. Tivemos essa preocupação pensando em conectar as partes envolvidas (família e escola) no mesmo foco, não tentando esgotar seu assunto, mas abrindo o campo de discussão sobre o ensino. Creio que é deveras importante continuamente revisarmos nossos conceitos do que é ensinar e aprender, sem contudo perder o foco das demandas atuais na educação.

Em seguida estabelecemos alguns pontos relacionados ao papel da família, explanando sobre sua insegurança em contribuir no processo de aprendizagem. Apesar disso, essa mesma família tem um papel preponderante na formação do indivíduo, visto que o processo de interação no seio da família deve procurar promover o desenvolvimento da competência social, campo esse de suma importância para que o aluno da escola se veja altamente motivado e preparado para assumir o papel principal no processo de aprendizagem. As ferramentas que os pais decidem utilizar nesse momento não visam a formalização do ato de ser família; visa, antes de tudo, a potencialização dos indivíduos que a integram. É dessa família que sairá o aluno capaz de avançar satisfatoriamente na sua formação pessoal, profissional e social.

Por fim, nossa preocupação foi em apresentar o papel da escola, considerando que o grupo escolar tem em um primeiro momento a tarefa motivacional, tornando o ato de ensinar um prazer para o aluno. Para isso asseveramos que a escola precisa criar meios de conhecer seus alunos, pois o mesmo é o foco de todo esforço didático. É aqui que os professores precisam de um canal de diálogo com os familiares dos alunos para poderem identificar seus anseios, necessidades, possíveis carências, não se esquecendo de que o professor deve fazer uso de uma competente psicologia educacional se quiser ter êxito com seus aprendizes.

As mudanças educacionais em qualquer comunidade partem dessa preocupação com a interação família e escola. Cabe a cada uma das partes iniciarem o estudo e o diálogo por uma escola eficaz no propósito de ensinar, de formar um cidadão consciente de que ele, participando do processo correto de aprendizado, tanto formal quanto informal, poderá ser personagem de uma constante mudança na sociedade brasileira. Seus esforços serão recompensados. Família e escola têm em suas mãos a chave para a transformação tão desejada não apenas no âmbito educacional, como também econômico, profissional e social.


 REFERÊNCIAS


BALTAZAR, José Antônio; MORETTI, Lucia Helena Tiosso; BALTHAZAR, Maria Cecília. Família e escola: um espaço interativo e de conflitos. São Paulo: Arte & Ciência, 2006. 176 p.


DANUIS, Roberto. Jovens: desenvolvimento e identidade – troca de perspectiva na psicologia da educação. São Leopoldo: Sinodal, 2000. 304 p.


GADOTTI, Moacir. Convite à leitura de Paulo Freire. 2. ed. São Paulo: Editora Scipione, 1991. 175 p.


SANTOS, Adelcio Machado dos. Introdução às matérias pedagógicas. Florianópolis: Pallotti, 2004. 148 p.


SMITH, Corinne; STRICK, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de a a z: um guia completo para pais e educadores. Tradução de Dayse Batista. Porto Alegre: Artmed Editora, 2001. 332 p.


VEIGA, Ilma Passos Alencastro (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 24. ed. Campinas: Papirus, 2008. 192 p.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Aniversário do Vinícius



Nas fotos acima, nossa participação no aniversário do Vinícius, filho do Sr. Sebastião, proprietário do salão de cultos de nossa igreja.

Dia dos Pais na IPB Capinzal



Comemoração do Dia dos pais na IPB de Capinzal. Nas fotos, os pais homenageados na ocasião.

POLÍTICA: O QUE EU TENHO A VER COM ISSO? - UMA NOVA ATITUDE

Bom dia: assista a sgunda mensagem da série POLÍTICA: O QUE EU TENHO A VER COM ISSO? sobre o tema: UMA NOVA ATITUDE.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Igreja: ser e pertencer



Os resultados do Censo Demográfico 2010 mostram o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil. O crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010, foi um dos destaques do cenário religioso.  A pesquisa indica também o aumento dos que se declararam sem religião, que chegam a 8%, ou 14 milhões de pessoas. O fato curioso foi que número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu. Segundo o IBGE, passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009, somando agora 5,4 milhões de pessoas. Parece que vivemos dias quando o velho ditado “Cristo, sim, Igreja não”, embora uma contradição de termos, volta a ganhar popularidade.

A palavra grega “ekklesia”, traduzida como “igreja”, aparece 114 vezes no Novo Testamento. Destas, 5 vezes indicam o que alguns teólogos chamam de “igreja universal”, o corpo de Cristo que reúne todo o povo de Deus na história, desde Abraão aos nossos dias; 95 vezes fazem referência à igreja local (que está em Corinto, na casa de Áquila e Priscila, por exemplo); outras 9 vezes, em Efésios, que podem referir os dois sentidos, tanto universal quanto local; eoutras 5 vezes sem qualquer sentido religioso. Isso significa que as referências do Novo Testamento à igreja,é quase totalmente no sentido de uma comunidade cristã localizada no tempo e no espaço, a comunhão histórica de cristãos de determinada região.

Isso faz sentido, pois o exercício de viver em comunidade se constitui não apenas um dos maiores desafios para todas as gerações de cristãos, como também e principalmente indica a essência do propósito de deus revelado em Jesus Cristo. Podemos construir a compreesnão do significado e revelevância da expressão “igreja: ser e pertencer” a partir de seis eventos narrados na Bíblia: a criação do homem, a Torre de Babel, o chamado de Abraão, o advento de Jesus Cristo, o Pentecoste, e a visão do louvor ao Cordeiro no Apocalipse.

Quando Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, os criou macho e fêmea destinados a expressar o relacionamento da Santíssima Trindade, isto é, a viverem uma “unidade plural”, pois são três as pessoas, mas um único Deus. Adão considera Eva uma expressão de si mesmo: “osso dos meus ossos e carne da minha carne”, sendo, na verdade, duas as pessoas, mas uma só carne (Gênesis 1.26,27; 2.18-25).

A história da Torre de Babel registra o surgimento das nações – antes, um só povo com uma só língua, isto é, uma unidade plural, agora, muitas etnias, espalhadas por toda a terra (Gênesis 11.1-9). Mas Deus continua a insistir no seu propósito eterno para a raça humana, a saber, criar para si mesmo uma outra “unidade plural”, expressão de sua imageme e semelhança, com quem repartir sua comunhão de amor. Essa é a razão porque chama Abraão, com a promessa de fazer de sua descendência uma só nação, para sejam abençoadas todas a famílias da terra (Gênsis 12.1-3).

A descendência de Abraão é Jesus Cristo (Gálatas 3.16), que com seu sangue comprou homens e mulheres de todas as raças, tribos, línguas e nações, e fez deles um só reino (Apocalipse 5.9,10). Por isso é que o apóstolo Paulo diz que “os que são da fé (no Cristo) é que são filhos de Abrãao” (Gálatas 3.7), pois são estes os que receberam o Espírito Santo, derramado sobre toda a carne, isto é, sobre todas as famílias da terra, no dia do Pentecoste (Atos 2.17; Gálatas 3.14).

O Pentecoste é o oposto de Babel. A obra de Jesus Cristo, descendente de Abraão, possibilita o derramar do Espírito Santo de Deus sobre todos os povos, para que a unidade da raça humana seja restaurada e se cumpra o eterno propósito de Deus: Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo. Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um único Espírito” (1 Coríntios 12:12-13). Assim, “todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão” (Gálatas 3:26-29).

A conversão a Cristo, portanto, implica necessariamente a conversão ao próximo, e o comprometimento com o propósito eterno de Deus de criar para si um povo que expresse sua imagem e semelhança, isto é, seja uma unidade plural, que reflete em sua fraternidade universal a comunhão de amor que existe eternamente nas três pessoas divinas: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito. Essa foi a oração de Jesus: Rogo também por aqueles que crerão em mim, por meio da mensagem deles, para que todos sejam um, Pai, como tu estás em mim e eu em ti. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste. Dei-lhes a glória que me deste, para que eles sejam um, assim como nós somos um: eu neles e tu em mim. Que eles sejam levados à plena unidade, para que o mundo saiba que tu me enviaste, e os amaste como igualmente me amaste” (João 17:20-23).

Igreja: ser e pertencer. Cristo sim, Igreja sim. Pois é na comunidade dos cristãos que o sonho do Cristo se torna visível.


KIVITZ, Ed René. Igreja: ser e pertencer. Ed René Kivitz, São Paulo, 06 ago. 2012. Disponível em: <http://edrenekivitz.com/blog/2012/08/igreja-ser-pertencer>. Acesso em: 09 ago. 2012.